Hoje é o dia do Filósofo. Não sei
especificamente o porque deste dia ser o dia do Filósofo, só descobri que é uma
data aleatória. Mas, também não quero aqui e nem pretendo definir o que vem a
ser filósofo ou ainda me colocar como um desbravador desse mundo maravilhoso
que é o Filosofar, porém – como um amante do saber – sinto-me na obrigação de
lembrar-me dessa experiência existencial-intelectual que posso ter com o
Filosofar – não de forma sistemática, mas antes poética e dionisíaca, nas
palavras de Nietzsche. Como um filósofo,
formado indiretamente por Jesuítas, terei que escolher três aspectos desse
filosofar em minha história: o espanto, a solidão e a dança...
A
primeira experiência do filosofar é o espanto, isto é, o deparar-se e o
sentir-se num encanto-apavoramento diante do mundo, de Deus, do humano... Em
minha primeira experiência, diante do pensamento filosófico, o apavoramento
tomou conta de meu ser: de um lado via a incrível capacidade de reflexão de
tantos mestres com um temor inseguro e incapaz, de outro espantava de minha
pouca capacidade perceptiva de tantas ideias e meditações. O espanto filosófico
ainda nos dá a oportunidade de sairmos “da vista apenas de um ponto” e leva-nos
a dar atenção ao insignificante tão significativo. Lembro-me aqui daquele
principezinho inquieto de Exúpery em suas doces palavras: “Conheço um planeta
onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor, nunca olhou
uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão contas. E o dia
todo repete, como tu: ‘Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!’”
Quanto
à Solidão, ouso afirmar que a mesma é uma obrigação histórica-epistemológica do
filósofo. Quanto mais entramos na paixão pela sabedoria, mais nos aproximamos
dessa solidão em meio à multidão. O filósofo é obrigado a perceber o mundo com
olhos salientes, mas quanto mais partilha – pela basilar e frágil linguagem –
tanto mais se sente sozinho em seu vislumbre da existência e do mundo que só
pode ser pensado e não conhecido. Ao contrário do arrogante, o filósofo se
percebe em sua ignorância, em sua inquietude e principalmente em seu problema
para si mesmo (Sto. Agostinho).
Encerrando, posso falar da dança. Não
interpretemos dança aqui de uma forma literal, mas antes como uma oportunidade
de atentarmo-nos para a música da existência. O autêntico dançarino é aquele
que antes de tudo percebe a música através de seus sentidos e só depois parte
para a coreografia, inspirada pelo ritmo. Ao filosofarmos, percebemos os sons
da história e em seguida podemos fazer de sua dança um ritmo
ético-antropológico-estético, de cujo valor entenderemos na dança existencial e
não simplesmente em teorias e livros. Poderia aqui citar, para talvez exemplificar ou
ainda somente dançar, a frase célebre de Nietzsche: “Eu não quero ser um santo,
eu prefiro ser um palhaço [...] Talvez, eu seja um palhaço.”
Para
não concluir, poderia dizer, parafraseando Merleau-Ponty, que a filosofia é reaprender
no mundo; Tornamo-nos seres cada vez mais mundanos, sem preocupação com
sermos dignos do céu ou não, mas antes de sermos mais humanos e éticos em nosso
seres...
Jackson de Sousa Braga
Só, 16 de agosto de 2013
Dia do Filósofo.